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ogueiros Decentes

Ainda que teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos,

como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...

(Saint-Exupéry)



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meu Brasil brasileiro

Artigo recebido da Poetisa, Escritora, Musicista e Artista Plástica santista, destacando a indignação das pessoas íntegras, honestas e honradas, com o atual estado de coisas no Brasil.
Torno minhas as palavras da sempre jovem Carolina Ramos, cujo livro, "Sempre", recebeu em 1968 o Prêmio "Ribeiro Couto", reservado à melhor obra inédita.
Desde então, acumula muitos prêmios na área da cultura e literatura.
Carolina Ramos, como mostra o Artigo, continua muito atenta aos acontecimentos no Brasil.
Como deveriam fazer todos os brasileiros!

“Meu Brasil brasileiro”

Para quem já viu tanto na vida e atravessou, sem esmorecer, mares encapelados propiciadores de naufrágios sem conta, e pensa que já viu tudo de ruim, dói, (como dói!) e faz sangrar o coração, ver o estado em que se encontra a política do nosso país! É inconcebível o estado calamitoso em que se afunda o nosso querido Brasil, dilapidado, desrespeitado por quem mais deveria respeitá-lo e de quem tantos iludidos ainda tanto esperam! O que acontece com o nosso povo?! O que acontece com aqueles que têm a guarda desta nação e que cruzam os braços, vendo tanta iniquidade sem se arvorarem em defendê-la?!

Pobre Brasil! Pobre “país do futuro”, como sempre chamado! Onde está esse futuro que hoje se cobre de vermelho, não por ideal, mas por vergonha?! É este o futuro degradante que nos preparam, não mais na surdina, mas às escâncaras?!!! É este o futuro que pretendem impor, goela abaixo, aos nossos filhos, netos e bisnetos?! Como alguém pode conformar-se com esta situação constrangedora de ver nossas entranhas pútridas comentadas em jornais além das nossas fronteiras?! Quem não cora ao ver devassado, lá fora, os crimes e as tramóias, que aqui acontecem, sem a menor punição?! Somos um povo corrupto! - é o que às claras se afirma, além fronteira, já que, inermes e passivos, nos habituamos a conviver com a corrupção e a sem-vergonhice que nos são impostas! Viramos as costas à consciência nacional e internacional! Só procuramos a companhia daqueles que afinam com as nossas ideias mais bisonhas e execráveis!
Melhor seria que esse decantado futuro, não nos chegasse nunca! Pois, de forma jamais sonhada, bem pior e ameaçador é o nosso previsível porvir, já delineado na reta de chegada!

Será que De Gaulle, com seu olhar frio e penetrante, teria sido capaz de chegar ao cerne estrutural do nosso existencialismo, a ponto de se achar no direito de, publicamente, declarar que “O Brasil não é um país sério”?! Vinda de quem veio, rude e desrespeitosa, esta declaração, atribuída ao então presidente da França, tanto incomodou e tanto feriu a sensibilidade de quantos amavam este solo brasileiro abençoado! Chão, bendito, mais verde e fértil a cada dia, a garantir firmeza aos passos de seus filhos! Celeiro farto a alimentar de esperanças os mais sadios sonhos! Tudo com tempo certo, dentro da convicção de que um dia, chegaríamos lá onde nossos irmão milenares há muito haviam chegado!

No entanto, nesse espaço de tempo, o que de fato foi feito para desmentir a altivez do, então, presidente da querida e sempre “douce France”?! Nada! Ou, o que é bem pior, no correr dos tempos, essa constrangedora afirmativa, deselegante, cruel, quase uma afronta à nossa brasilidade, vem, continuamente, ganhando mais força, escudada nas evidências que o dia-a-dia deste nosso pobre país, hoje, despojado de suas nobres diretrizes, enfrenta! Manipulado e desrespeitado em suas crenças, bases e ideais! E, o que é ainda mais doloroso de dizer, sem que alguém mexa um dedo para livrá-lo deste caos! Que Deus nos acuda!

Resta esperar que já estejam reconhecidas e superadas as palavras sábias do “Rei”!... E que o povo brasileiro, a duras penas, tenha, afinal, aprendido a votar! Caso contrário, nosso caríssimo Pelé, que já nos proporcionou tantas alegrias, sem mesmo o querer, terá marcado mais um gol... e este nos matará de tristeza!
(Carolina Ramos)

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