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ogueiros Decentes

Ainda que teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos,

como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...

(Saint-Exupéry)



terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vergonha, povo brasileiro?

Sinto vergonha de mim!

Sinto vergonha de mim por ter sido educado, por ser parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar a meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade.
A negligência com a família, célula mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “EU” feliz a qualquer custo, buscando a tal felicidade em caminhos enraizados no desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir sem despejar meu verbo, atendo as desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade para reconhecer um erro cometido, a tantos floreios para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição, de sempre contestar, voltar atrás e mudar o futuro.
É... Tenho vergonha de mim por fazer parte de um povo que não reconheço, enveredando caminhos que não quero percorrer.
Sinto vergonha de mim pela minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.
Não tenho pra onde ir, pois eu amo esse meu chão, vibro ao ouvir meu hino e jamais usei a minha bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim tenho tanta pena de ti “Povo Brasileiro”...
de tanto ver triunfar as imunidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar esses poderes nas mãos dos maus. O homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto!

(Cleide Canton - Rui Barbosa)

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